sábado, 18 de julho de 2009

Teletransporte



Quando vão inventar o teletransporte?

Você deve estar querendo saber o porquê dessa pergunta sem nexo logo no começo da coluna. Explico: viajar de avião, principalmente para lugares distantes, é de longe a pior parte de uma surf trip, ou de qualquer trip, e todas as vezes que embarco em um deles, começo a pensar no dia em que alguém irá criar um meio de transporte mais rápido e menos cansativo.

“Atenção passageiros do vôo ABCD, com destino a Cafundós do Judas, embarque imediato no portão 69”.....Ppronto, começou a tortura... Aliás, os problemas têm início muito antes desse momento e só terminam bem depois.

Exceto quando se conta com a ajuda de agências especializadas – o que torna tudo mais caro – comprar uma passagem aérea é bastante complicado. Quando a aquisição do bilhete é feita no programa de milhagem, então, nem se fala! São horas ao telefone com uma máquina, depois, mais outras tantas com uma pessoa, um tempinho mais com a gravação, volta-se ao atendente, e.... aí sim, fecha-se a reserva.. Isso se houver assento diponível, porque, caso contrário, prepare-se pois os ouvidos vão esquentar mais um pouco.

Passagem na mão, chega a hora do check-in. Mais uma dor de cabeça. “Ok., senhor, seu seu assento é esse aqui, e o embarque é daqui a uma hora. Pode colocar sua mala aqui em cima, por favor... Isso aí é uma prancha?”. F@#*u! Essa é a pergunta que nenhum surfista quer ouvir, porque, mesmo sendo proibido por lei (ou não, essa eu não sei mesmo), ela significa: prepare seu bolso, que lá vem o golpe.

As duas vezes que viajei levando mais de uma prancha, estava só com uma mala pequena de roupas e enfiei as tábuas no mesmo sarcófago. Não adiantou nada. A mulher pediu para eu abrir o zíper e conferiu tudo.. “Então, senhor, são três, certo? Pode ir ali na loja e pagar R$ 450,00 (ou U$D 225, valor pago em minha última viagem ao Peru, tanto na ida, quanto na volta)”. E se elas quebrarem, extraviarem ou forem parar na PQP, o problema é seu, tá? Nada de seguro!”

Como assim o problema é meu? É isso mesmo, você paga quase o valor da passagem por cada prancha - não por volume, o que ainda seria aceitável - e começa rezar, porque nem se responsabilizar pela carga as companias aéreas querem. É brincadeira! Essa parte merecia uma coluna inteira, mas fica para a próxima, porque, só de lembrar, já fico irritado.

Agora sim, entramos na aeronave, colocamos a bagagem de mão no compartimento e nos sentamos nos confortáveis assentos pelas próximas seis horas (isso para a América do Sul, porque para a Indonésia, são 15 horas, só até a primeira escala).

Alguém falou confortáveis? Ledo engano. As poltronas são apertadíssimas, quase não reclinam e, se você ainda der azar, cai do seu lado algum folgado, chato, fedorento, com chulé, que não para de falar etc.

E a comida? Normalmente é terrível. Isso, quando tem o suficiente para se dizer se é boa ou ruim, pois os caras estão cada vez mais pão duros e servem cada vez menos (aqui vale uma ressalva: a comida da Emirates é bem legal e vem bem servida.).

Na primeira classe não tem nada disso, é tudo um luxo,
dá até para se escolher o cardápio, mas para quem tá reclamando do preço cobrado para embarcar as pranchas, é claro que a primeira classe não entrou na trip..

“Obrigado por escolherem a Aerovias Dor de Cabeça. A saída será feita pela porta dianteira”. Graças a Deus, acabou!

Outro ledo engano.

Depois de um vôo cansativo, tudo o que a gente quer é ir para casa ou para o hotel, descansar. Mas, para isso acontecer, a sorte tem que continuar do nosso lado. A desorganização costuma ser grande e, para a mala, cujo destino seria o Peru, ir parar na Bolívia, não custa muito. Isso quando a alça não arrebenta, a prancha não parte ao meio...

O final mesmo, só depois que estiver tudo inteiro na mala do carro. Até lá, a pergunta continua: Quando vão inventar o teletransporte?

E ainda tem a volta!

É muita dor de cabeça, mas vale a pena! As ondas são boas e as aeromoças são bem bonitinhas.

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