quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

RIVALIDADE

O que dizer da cena que encerrou as duas semanas do Australian Open de Tênis, onde o que se viu foi um sempre classudo Roger Federer aos prantos, após perder para seu maior rival, o espanhol Rafael Nadal?


Mais do que suas lágrimas, que durante todo o tempo pareceram sinceras, inclusive recebendo as merecidas palmas do público que lotava o Arthur Ashe Stadium, ficou o constrangimento. Um grande campeão, dono de 14 canecos de Grand Slams, acostumado com vitórias, e, principalmente, acostumado a aniquilar seus adversários, não poderia ter feito isso com o cara que conseguiu, de forma maestral, diga-se de passagem, derrotá-lo mais uma vez, conquistando um título inédito em sua carreira... Esse mesmo cara, que por ser seu maior rival, sempre o colocou em patamares ainda mais elevados, merecia um pouco mais de respeito e consideração.


Em qualquer situação da vida, É PRECISO SABER PERDER!!! E, convenhamos, embora o discurso de Federer tenha sido de um bom perdedor, faltou compostura e a conhecida classe do suiço, que sempre demosntrou ser uma atleta exemplar, dentro e fora das quadras.


Deixando um pouco de lado a atitude de Federer, a mesma cena me fez lembrar de um assunto, muito visto nos esportes individuais, dentro do mundo real e, em histórias de super-herois, no mundo dos quadrinhos ou da fantasia: a RIVALIDADE.


O que seria de Batman sem o Coringa, ou do Super Homem sem Lex Luthor, de Senna sem Prost; Federer sem Nadal; Tom Curren sem Tom Carrol; Slater sem Andy Irons??? - ou vice-versa em todos os casos???


A primeira coisa que vem na cabeça das pessoas quando ouvem falar dessa palavrinha são sentimentos ruins, mas dentro do esporte, e levando para um âmbito mais geral, na vida, a RIVALIDADE, quando sadia, pode e, normalmente é, algo positivo, que supera limites e determina novas deretrizes. 


Imaginem se Andy Irons não tivesse invadindo o mundo do surfe, chutando o balde e ignorando o então hexacampeão mundial Kelly Slater, levando dois títulos em cima do americano e se colocando como uma ameaça aos recordes do mito Slater? Será que o carequinha voltaria a vencer, abocanhando outros três canecos e quebrando ainda mais recordes? E o que dizer da maneira como o surfe competição evoluiu durante a era Slater/Irons? Será que a volta de Slater interferiu realmente nessas mudanças? Difícil responder, mas esse é um caso típico de que a rivalidade traz consequências positivas, tanto para os envolvidos, quanto para a área onde atuam os mesmos.


Nadal e Federer também são dois nomes quase antagônicos. Enquanto um representa a classe e técnica, o outro é a imagem da força e da raça. E quando entram em quadra, um de cada lado, a certeza de um bom espetáculo e de mais uma demonstração do verdadeiro significado da palavra rivalidade entram juntas. E o resultado são sempre jogos de altíssimo nível e jogadas só vistas em partidas entre Rafa e Roger. Um eleva o outro e isso ficou muito claro nas palavras de cada um dos tenistas, com exaltações de ambas as partes a respeito de seu adversário, ou para quem preferir RIVAL.


Um pouquinho de provocação não faz mal a ninguém. Muito pelo contrário, todos os grandes campeões precisam de algo que pertube sua cabeça e que faça com que ele se sinta sempre desconfortável com a derrota. O velho ditado que diz que "o importante é competir" só funciona em campeonatos amadores. Aliás, mesmo quem vence competições amadoras também não gosta de perder e luta sempre para sair vitorioso. Eu não gosto de perder nem peladinha no play, nunca gostei!


E é justamente esse o papel do rival: provocar. No bom sentido, nunca sendo desrespeitoso, mas sempre colocando uma pulga atrás da orelha do grande campeão e fazendo com que ele se supere; e quebre recordes; e derrote seu rival, criando um processo cíclico, pendurando de volta a tal da pulga atrás a orelha de seu adversário, que, consequentemente, irá procurar devolver a tal da pulguinha e assim nasce a tal da RIVALIDADE... Ficou meio complicado esse raciocínio, mas lê de novo que você entende... (foi mal)


Paro por aqui, mas continuo torcendo para que o mundo dos esporte continue apresentando situações onde a rivalidade seja boa e continue levando o público ao delírio, após duelos épicos, como a final de Pipeline em 2003; ou esse último jogo de tênis, ao qual mencionei lá em cima; ou a corrida onde Prost deu uma fechada em nosso saudoso Ayrton Senna, acabando com as chances do brasileiro e terminando com o título (essa do francês foi feia, mas quem conheceu a rivalidade entre os dois entende os motivos). Como diriam os grandes e talentosos Mamonas Assassinas: "O importante é competir, mas te mato de porrada se você não ganhar" - só pra descontrair.



Uma rivalidade clássica nos sete mares:

Stubbies Pro 1986 - Tom Curren x Tom Carrol


http://www.youtube.com/watch?v=kcnRcczVFr4


Obrigado







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