segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CIDADE DESESPERO


O Rio de Janeiro continua lindo. E perigoso!

Tudo bem que foi a primeira vez que isso me aconteceu em 23 anos de vida, mas foi um sensação muito ruim sair do mar, depois de quase duas horas de ondas excelentes, e perceber que haviam arrombado o meu carro.

A história começou numa quinta-feira à noite, quando vi na internet que o surfe de sexta prometia. A previsão era excelente e tudo indicava que iriam rolar altas! Liguei para o companheiro de todos os dias e combinei. “Amanhã cedinho tô chegando ai”. O cara mora mais perto de onde ficam as melhores valas.

Compromisso marcado, faltava definir como iriamos fazer para chegar até a praia.
Não dá para reclamar do bairro onde moro, mas que as ondas por aqui dificilmente quebram legal, isso é um fato.

Meu fuscão já não é o mesmo há muito tempo – pra falar a verdade, não está nem ligando - e subir até a Barra se torna uma missão bem mais complicada. O cara também estava sem carro!

Pegar um ônibus às 6 da manhã, com prancha, mochila e tudo mais de baixo do braço é chato pra cacete.

Dormir na casa do camarada, numa cama diferente da sua, e ter que pegar um ônibus às 10 da noite para chegar até lá, com prancha, mochila e tudo mais, é chato pra cacete

Agora éramos dois surfistas frustrados e já quase conformados, pois pelo menos dormiríamos até um pouco mais tarde.

Mas ainda restava uma alternativa: pedir o possante do meu coroa! Mamãe já não empresta mais o dela – por motivos de força maior -, e arrancar as chaves do meu pai também costuma ser bastante complicado. Mas as condições prometiam, lembram-se? Não custava nada tentar.

Liguei e consegui desenrolar com o velho, ouvindo apenas os velhos conselhos de sempre: “Muito cuidado com o meu carro. Ele está sob a sua responsabilidade”. Na mesma hora, liguei de novo para o camarada e dei a notícia: “Amanha cedinho tô chegando aí. E de carro!”.

Separei a prancha, arrumei a mochila, coloquei tudo no canto do quarto e marquei o despertador para às 6h30. Acordar cedo é chato pra cacete, mas, nesse caso, era por uma ótima causa. Valia muito a pena!

A sexta-feira finalmente chegou. Peguei o carro, busquei meu amigo e seguimos para a Reserva. Até que tinha alguma coisa, mas fechando muito. Macumba!? Nada. Prainha!? Maior Crowd. E o Recreio? Altas!

Parei o carro na hora, me enfiei de qualquer jeito no john, larguei as coisas no porta luvas, tranquei o carro e sai correndo que nem um cachorro atrás do osso para dentro d´água. Na hora que a gente chegou não tava tudo aquilo que a previsão anunciava, mas em pouco tempo a valinha começou a funcionar e o que não faltou foi alegria.

Era tubo pra direita, manobra para a esquerda! Tubo para a esquerda, manobra para a direita! Batida, rasgada, cutback... E depois das duas horas de surfe mais alucinantes na Cidade Maravilhosa, sai da água pronto para tudo que o resto do dia me proporcionasse. Bem, quase tudo!

Na hora que voltamos para o carro, alguma coisa estava errada! A porta estava aberta e todas as coisas dentro, reviradas!

“Qual é, cara, quando a gente saiu, o carro tava assim?”

Essa foi a pergunta do meu camarada, que se deu se por respondido, depois de ver minha cara, uma mistura de muito puto, com muito triste.

Acho que a única situação que poderia me tirar do sério era aquela... Tinham levado meu celular (um iphone lindo e cheio de guerigueri), meu dinheiro, o celular do cara, o dinheiro do cara (será que devo agradecer por ele não ter levado nada do meu pai e nenhum dos meus documentos?). Mas tudo aquilo era o de menos. Eu só conseguia pensar em como meu pai iria ficar, mesmo sabendo que isso poderia ter acontecido com ele e nada tinha sido feito de propósito.

Dito e feito. O velho ficou revoltado, me obrigou a pagar o conserto da porta e ameaçou nunca mais me emprestar a máquina. Agora, nem o papai e muito menos a mamãe.

Estou perdido. O Rio de Janeiro continua lindo, mas muito perigoso. E cada vez mais complicado eu ir surfar numa boa.

Preciso consertar o meu fusca!

Nenhum comentário: